Pesquisar este blog

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Repartir o Pão

      "A caridade sempre foi a força que me sustentou; tudo sempre valeu a pena, por causa dela... Quando ficava muito aborrecido comigo mesmo, com as minhas imperfeições e erros, procurava a periferia da cidade, visitando as favelas... Sempre encontrei na prática do bem a mensagem de consolação e o conforto espiritual de que me achava carente. (...) Trocava um pedaço de pão por energia para o dia seguinte."
(Chico Xavier)
*****
*****
      Conta uma legenda da tradição franciscana: Certo dia se surpreendeu Francisco a si mesmo muito alegre porque começava a degustar Deus em todas as coisas. Saiu pelos caminhos cantando e convidando a cantar. Passou por um pessegueiro e lhe disse: “Pessegueiro, meu irmão, fale-me de Deus!” E o pessegueiro estremeceu um pouco como sacudido por brisa leve. E floresceu totalmente como se nele tivesse irrompido a primavera. Francisco saiu mais alegre ainda. Passou por um ribeirinho que se represava naturalmente junto a uma sombra benfazeja. Disse-lhe Francisco embriagado de Deus: “Ribeirinho, meu irmão, fale-me de Deus!” E as águas começaram a borbulhar como se quisessem falar. Depois foram se acalmando até criar-se um espelho de água cristalina. Francisco olhou atentamente para a profundidade. E viu lá dentro o rosto de sua querida Clara. Saiu radiante e mais alegre.
      Um pouco além encontrou, sentados num fio, um bando de passarinhos. “Passarinhos, meus irmãos, falem-me de Deus.” E os passarinhos começaram a piar e a repiar uma melodia que jamais se ouvira naquela região. Depois silenciaram. Formaram como uma cruz e subiram em flecha para o céu sereno. Francisco saiu cantarolando de alegria exuberante. Encontrou um homem com sua mochila às costas como se viesse de longa caminhada. Disse-lhe: “meu irmãozinho, fale-me de Deus!” E o irmão nada disse. Tomou Francisco pela mão e com carinho o conduziu consigo à cidade. Chegaram ao centro. Atravessaram a cidade e pararam na periferia onde moram os pobres. Foi à pequena praça, onde se busca a água escassa, onde estão as mulheres que lavam a roupa, os velhos que conversam, os mais pobres que esmolam, as crianças que brincam. Sentou-se junto à primeira roda. Abriu a mochila e foi distribuindo pão com mão generosa. Todos começaram a se aproximar. Recebiam o pão e se afastavam. A mão entrava e saia da mochila. O pão era distribuído fartamente.
      E na medida em que os homens repartiam entre si o pão recebido, uns ajudando os outros, o pão miraculosamente não faltava da mochila e bastava a todos os necessitados. Depois, muito grave, apenas olhou para o céu e disse: “Pai-nosso”. Em seguida olhando em volta apenas disse: “O pão nosso!” Francisco entendeu e não se continha de tanta alegria porque encontrara Deus no partir o pão e nos irmãos pobres e necessitados que repartiam entre si o pão recebido.
*****

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Francisco - um uomo di Dio!

         “Queria que os maiores se unissem aos menores, que os sábios se ligassem aos simples por um amor fraterno e que os afastados se sentissem ligados por um amor de união.” (São Francisco)
*****
*****

        Subindo certa feita Frei Bonaventura, hortelão do convento da Porciúncula, o Monte Subásio com um confrade de país distante, perguntou-lhe o dito confrade o que seria a espiritualidade franciscana. Frei Bonaventura, homem simples e muito espiritual, com voz doce, respondeu:A espiritualidade franciscana é São Francisco. E quem é São Francisco? Basta dizer-lhe o nome e todos já têm a mesma idéia. E a idéia é esta: São Francisco ‘é um uomo di Dio!’ E porque era homem de Deus sempre viveu em tudo o essencial. Por isso era simples, cortês e terno para com todos, como Deus em sua misericórdia”.
*****
Tentando caminhar nas trilhas de São Francisco
Irmão que viveste na úmbria
acende estas palavras com a tua sombra
silenciosa companheira
fazendo-nos amar os caminhos.
.............................................
ensina tua alma amiga
a gostar dos ventos
vive profunda indefesamente
a ciência da esperança
ela é fiel
e a mais lúcida de tuas irmãs
ela vive a medida da desmedida
e ousa contemplar o segredo do tempo.
.................................................
Amar
único verbo
sereno a mover-se
sobre a ofuscante certeza da eternidade
irmão que um dia viveste na úmbria
senhor irmão aceso pelo amor
incandesce os nossos caminhos
mas tão profundamente
que possamos amar as sombras
e sem ódio ou temor
ver as estrelas perdidas no deserto olhar do lobo.
José Paulo
*****
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...