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segunda-feira, 23 de abril de 2012

No Reino Animal: Amor e Silêncio...

     "O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar." (Charlie Chaplin)
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     Deparei-me apouco com a triste e tocante notícia, copiada abaixo, divulgada no site da “Globo”. Apesar de já ter lido e visto histórias semelhantes entre os animais, nunca deixo de admirar-me e comover-me com tais manifestações de afeto e sensibilidade entre os ditos irracionais, enquanto percebemos a frieza crescente entre os racionais.
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     "Um cachorrinho tocou o coração dos chineses na província de Quanzhou. O cão estava com uma cadelinha, quando ela foi atropelada e morreu na hora. Em vez de abandonar a companheira, o animal ficou ao lado dela até que o corpo fosse retirado de lá.
     O cão latiu, mexeu na cadela e a lambeu, até que uma pessoa chegou e retirou o animal morto de lá. De acordo com testemunhas, os dois cachorros eram vistos juntos com frequência.
     - Foi horrível e desagradável, ver o cachorro tocando a parceira, sem querer deixá-la para trás - disse um pedestre."

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Como cresce o bem-querer
No tormento da agonia!...
O que dói não é morrer,
É deixar a companhia.
Fócion Caldas

Amor que a morte emudece –
Saudades tristes em bando!...
Quem fica, às vezes esquece,
Quem parte, fica lembrando!...
Francisco Otaviano

(Trovas psicografadas por Chico Xavier)
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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ressureição de Judas

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RETRATO DE MÃE
Depois de muito tempo,
Sobre os quadros sombrios do Calvário,
Judas, cego no Além, errava solitário...

Era triste a paisagem, o céu era nevoento...
Cansado de remorso e sofrimento,
Sentara-se a chorar...
Nisso, nobre mulher de planos superiores,
Nimbada de celestes esplendores,
Que ele não conseguia divisar,
Chega e afaga a cabeça do infeliz.
Em seguida, num tom de carinho profundo,
Quase que, em oração, ela lhe diz:
- Meu filho, porque choras?

Acaso não sabeis? – replica o interpelado,
Claramente agressivo,
Sou um morto e estou vivo.
Matei-me e novamente estou de pé,
Sem consolo, sem lar, sem amor e sem fé...
Não ouvistes falar em Judas, o traidor?
Sou eu que aniquilei a vida do Senhor...
A princípio, julguei poder fazê-lo rei,
Mas apenas lhe impus
Sacrifício, martírio, sangue e cruz.
E em flagelo e aflição
Eis a que a minha vida agora se reduz...
Afastai-vos de mim,
Deixai-me padecer neste inferno sem fim...
Nada me pergunteis, retirai-vos senhora,
Nada sabeis da mágoa que me agita,
Nunca penetrareis minha dor infinita...
O assunto que lastimo é unicamente meu...

No entanto a dama calma respondeu:
- Meu filho, sei que sofres, sei que lutas,
Sei a dor que te causa o remorso que escutas...
Venho apenas falar-te
Que Deus é sempre amor em toda parte...
E acrescentou serena:
- A Bondade do Céu jamais condena;
Venho por mãe a ti, buscando um filho amado.
Sofre com paciência a dor e a prova;
Terás, em breve, uma existência nova...
Não te sintas sozinho ou desprezado.

Judas interrompeu-a e bradou, rude e pasmo:
- Mãe? Não me venhais aqui com mentira e sarcasmo.
Depois de me enforcar num galho de figueira,
Para acordar na dor,
Sem mais poder fugir à vida verdadeira,
Fui procurar consolo e força de viver
Ao pé da pobre mãe que me forjara o ser!...
Ela me viu chorando e escutou meus lamentos,
Mas teve medo dos meus sofrimentos.
Expulsou-me a esconjuros,
Chamou-me monstro, por sinal,
Disse que eu era
Unicamente o espírito do mal;
Intimou-me a terrível retrocesso,
Mandando que apressasse o meu regresso
Para a zona infernal, de onde, por certo, eu vinha...
Ah! detesto lembrar a horrível mãe que eu tinha...
Não me faleis de mães, não me faleis de amor,
Sou apenas um monstro sofredor...
- Inda assim – disse a dama docemente -
Por mais que me recuses, não me altero;
Amo-te, filho meu, amo-te e quero
Ver-te, de novo, a vida
Maravilhosamente revestida
De paz e luz, de fé e elevação...
Virás comigo à Terra,
Perderás, pouco a pouco, o ânimo violento,
Terás o coração
Nas águas de bendito esquecimento.
Numa nova existência de esperança,
Levar-te-ei comigo
A remançoso abrigo,
Dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!...
E Judas, neste instante,
Como quem olvidasse a própria dor gigante
Ou como quem se desagarra
De pesadelo atroz,
Perguntou: - quem sois vós?
Que me falais assim, sabendo-me traidor?
Sois divina mulher, irradiando amor,
Ou anjo celestial de quem pressinto a luz?!...

No entanto, ela a fitá-lo, frente a frente,
Respondeu simplesmente:
- Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus.
Maria Dolores
(Livro: “Momentos de Ouro”
Psicografado por Chico Xavier)
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(Imagem de autor desconhecido)
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