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Páscoa - Passagem
Sede passantes.
Este tema da passagem é
o tema da Páscoa.
Pessah em hebraico, quer
dizer passagem.
A passagem, no rio, de
uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a
passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência.
A passagem de um modo de
vida a um outro modo de vida.
Somos passageiros.
A vida é uma ponte e,
como diziam os antigos, não se constrói sua casa sobre uma ponte.
Temos que manter, ao
mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o
masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas diferentes partes, sabendo
que estamos de passagem.
É importante lembrar-se
do carácter passageiro de nossa existência, da impermanência de todas as
coisas, pois o sofrimento geralmente é de querermos fazer durar o que não foi
feito para durar.
A grande páscoa é a
passagem desta vida mortal para a vida eterna, é a abertura do coração humano
ao coração divino.
É a passagem da
escravidão para a liberdade, passagem que é simbolizada pela migração dos
hebreus, do Egito para a terra Prometida. Mas não é preciso temer o Mar
Vermelho.
O mar de nossas
memórias, de nossos medos, de nossas reações. Temos que atravessar todas estas ondas, todas estas
tempestades, para tocar a terra da liberdade, o espaço da liberdade que existe
dentro de nós.
Sede passantes.
Creio que esta palavra é
verdadeiramente um convite para continuarmos nosso caminho a partir do lugar
onde algumas vezes paramos.
Observemos o que para a
vida em nós, o que impede o amor e o perdão, onde se localiza o medo dentro de
nós.
É por lá que é preciso
passar, é lá o nosso Mar Vermelho.
Mas, ao mesmo tempo, não
esqueçamos a luz, não esqueçamos a liberdade, a terra que nos foi prometida.
Jean-Yves Leloup
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