
nem a torneira aberta
nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer
de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer
o nosso rosto,
o nosso nome,
o som da nossa voz,
o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer
é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser
como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
Cecília Meireles
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4 comentários:
Benja,
Jamais pensaria que este poema era da Cecília...
Ela tem poemas encantadores que me supreendem e este certamente é um deles.
Beijos,
Carol
Benja,
Lindo poema de Cecília.
"É preciso não esquecer nada..."
E fico pensando nas coisas que negligenciamos por causa desse corre corre em que vivemos.vou ficar mais atenta!!!
Que imagem bonita, a borboleta azul com grafismos lindos nas asas
bjs
Marilac
Tanta coisa que é preciso...
Este poema me é muito querido, "Benja"!
O esquecimento de coisas essenciais é uma prática viciada de todos nós. Cecília nos convoca, com sua doçura poética, a revermos essa nossa postura e a nos sensibilizarmos, pois a vida se constitui do que é substancial.
Uma aprendizagem necessária!...
Carinho,
Rose.
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