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sábado, 30 de agosto de 2008

Silêncio & Reflexão

Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio.
Provérbio indiano
Não digas onde acaba o dia,
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs,
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu.
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.
Cecília Meireles
*****
No falar, todas as emoções não elaboradas podem vir à tona. Recebem ar, respiram, deixando de ser elaboradas, de ser mantidas sob as rédeas. O silêncio não reprime as emoções e agressões mas as domestica, impõe ordem sobre elas. Com o falar, as emoções sempre de novo são remexidas, com o silêncio elas podem assentar-se. Silêncio não significa não termos emoções. Mas tentamos fazer com que as emoções se acalmem.
Anselm Grün
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(Foto - desconheço autor)

domingo, 24 de agosto de 2008

Uma Oração, Um Roteiro


Oração Nossa

Senhor, ensina-nos:
a orar sem esquecer o trabalho;
a dar sem olhar a quem;
a servir sem perguntar até quando;
a sofrer sem magoar seja quem for;
a progredir sem perder a simplicidade;
a semear o bem sem pensar nos resultados;
a desculpar sem condições;
a marchar para a frente sem contar os obstáculos;
a ver sem malícia;
a escutar sem corromper os assuntos;
a falar sem ferir;
a compreender o próximo sem exigir entendimento;
a respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração;
a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento.
Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades.
Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.

Emmanuel

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(Foto - desconheço autor)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Animais na Placenta

Através de um ultrassom 4D, cientistas estudam o desenvolvi-mento embrionário de mamíferos, as imagens das 3 espécies abaixo foram divulgadas pelo documentário britânico Animals in the Womb (Animais na Placenta), apresentado pelo National Geographic. A beleza da criação encanta as nossas almas.
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[Feto de elefante aos 19 meses de uma gestação que leva 22 meses.]

[Feto de golfinho com 29 semanas de gestação, que dura em média 12 meses, conforme a espécie.]

[Feto de cão com 52 dias de uma gestação que demora 60 dias.]

*****
SOMOS MAMIFEROZINHOS
Somos mamiferozinhos
Assim como são os gatinhos
E os cachorrinhos
E os filhotinhos das elefoas,
Como as oncinhas e os cavalinhos,
Como os bezerros e os macaquinhos,
Da mesma forma que os filhotes das leoas,
E as girafinhas e os canguruzinhos,
E como também são as ovelhinhas
Somos mamiferozinhos.
Mamamos do mesmo modo
Que os ursinhos,
Crescemos do mesmo jeito
Que os miquinhos,
Ficamos fortes
Como os tigrezinhos
Porque como esses bichinhos
Desde pequenininhos
Mamamos o leite de peito
Que a mamãe nos dá.
Mamiferozinhos nós somos.
Crescemos fortinhos
E desde miudinhos
Aprendemos, como eles, a falar:
Mamãe eu quero mamar.
Luís Tavares

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Homenageando um Missionário

O Herói

Afrontando o aguilhão torvo e escarninho
De sarcasmos e anseios tentadores,
Ei-lo que passa sob as grandes dores,
Na grade estreita do terrestre ninho.

Relegado às agruras do caminho,
Segue ao peso de estranhos amargores,
Acendendo celestes resplendores,
Atormentado, exânime, sozinho...

Anjo em grilhões de carne, errante e aflito,
Traz consigo os luzeiros do Infinito,
Por mais que a sombra acuse, gema e brade!

E, servindo no escuro sorvedouro,
Abre ao mundo infeliz as portas de ouro
Para o banquete da imortalidade.

Cruz e Souza
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Soneto psicografado por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo-MG, dedicado ao Professor Pietro Ubaldi no dia 18 de agosto de 1951, em homenagem aos seus 65 anos bem vividos. Esse grande Missionário nasceu na Umbria - Itália, no final do século XIX, renunciou as riquezas e facilidades do mundo, pois era de família abastada, para na simplicidade e no sacrifício (à exemplo do Poverello, seu grande inspirador) dedicar sua vida a Deus, buscando traduzir o Seu pensamento e a Sua Lei para a humanidade.

sábado, 16 de agosto de 2008

Um Pouco Sobre Dom Bosco

São João Melchior Bosco (em italiano Giovanni Melchior Bosco), popularmente conhecido como Dom Bosco, nasceu em Castelnuovo d'Asti - Itália em 16 de agosto de 1815, e faleceu em Turim - Itália em 31 de janeiro de 1888. Foi ordenado sacerdote em Turim na Igreja da Imaculada Conceição em 5 de Junho de 1841. Tomou com firmeza três propósitos: "Ocupar rigorosamente o tempo. Sofrer, fazer, humilhar-se em tudo, sempre que se tratar de salvar almas. A caridade e a doçura de São Francisco de Sales me guiará em tudo".
Em 8 de Dezembro de 1841, na igreja de São Francisco de Assis, teve o encontro com o primeiro dos tantos rapazes que o conheceriam e o seguiriam: Bartolomeu Garelli. Começou assim sua obra missionária. Consagrou todas as suas energias à educação da juventude, para formá-la na prática da vida cristã e no exercício de sua profissão. Os rapazes cada vez em número mais crescente, estudam e aprendem um ofício nas oficinas que Dom Bosco construiu para eles. Acreditava na bondade que existia em cada um, por isso repetia: ''Em todo jovem mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem e a primeira obrigação do educador é buscar esse ponto, essa corda sensível do coração, e tirar bom proveito''.
Suas últimas palavras foram:
"Quem salva a alma, salva tudo. Quem a perde, perde tudo.
Quem protege os pobres, será largamente recompensado pelo divino tribunal.
Que grande recompensa teremos de todo o bem que fazemos na vida!Quem faz o bem em vida, encontra o bem na morte: No Paraíso gozam-se todos os bens, eternamente"
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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

...e na Hora de Nossa Morte

Hoje ao amanhecer encontrei a Aninha morta, uma cachorrinha da raça Dálmata que foi encontrada na rua abandonada alguns anos atrás, tudo aconteceu de forma repentina e rápida. Fiquei pensando, com esse triste acontecimento, no quanto a vida é efêmera e surpreendente, de que por mais que queiramos, não temos controle sobre ela, e no exemplo de morte que essa doce cadelinha deixou, pois morreu como viveu, de forma tranqüila, silenciosa, serena e sem queixas. O que me fez recordar o texto do Sr. Clóvis, “...e na Hora da Nossa Morte”; que coloco para nossa meditação. Que o querido santo receba essa meiga cadelinha com todo carinho e amparo que fez por merecer.
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...e na Hora de Nossa Morte

Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito.
(Lc 23: 46)

André Maurois, lembrando as últimas palavras de algumas figuras notáveis da velha Europa, deixa-nos concluir que esses vultos do passado assumiram, na hora da morte, as mesmas posições mentais dos seus dias de luta, de saúde, de trabalho...
E cataloga o escritor:
Carlos II, da Inglaterra, morre como rei, como gentleman: “Levei um tempo incrível para morrer; espero que me desculpareis...”
Richelieu, como ministro: “Perdoais a vossos inimigos?” – “Não tenho outros que não os do Estado”.
Corot, como pintor: “Espero que possa pintar no céu...”
Chopin, como músico: “Tocai Mozart em minha lembrança”
Napoleão, como chefe: “França... Exército... vanguarda do exército...”
Cuvier, como anatomista: “A cabeça começa a comprometer-se...”
Halle, que além de filósofo era médico, examinou seu pulso até o fim e falou a um colega: “Meu amigo, a artéria cessa de bater”. E morreu.
Lagny publicara no começo do século XVIII um método infinitamente novo e abreviado para extração de raízes quadradas e cúbicas. Quando estava à morte, e já não reconhecia amigos, parecendo completamente inconsciente, alguém lhe pergunta:
- Lagny, qual é o quadrado de doze?
- Cento e quarenta e quatro – respondeu. E expirou.
O Evangelho de Jesus Cristo nos ensina que cada um morre como vive. Quem vive bem, na luz e na virtude, morre bem e bem desperta na vida eterna.
É o que significam as palavras do Mestre afirmando também a veracidade do contrário, dirigidas aos judeus rebeldes e endurecidos de coração, que buscavam somente os interesses desta vida, desprezando a vontade de Deus: “Vós morrereis em vossos pecados”. (Jo 8: 24).
Morreremos como houvermos vivido: o nosso último minuto sobre a terra será o reflexo positivo e fiel de todos os minutos de nossa vida.
Não foi sem razão que Kipling compreendeu tão bem o valor dos sessenta segundos...
Morreremos como houvermos vivido na face deste mundo, onde Deus espargiu tantas coisas belas e onde os homens têm semeado tantas misérias e corrompimentos.

Clóvis Tavares

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(Fotos - Irmão Sol, Irmã Lua)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A Cotovia - 1 Ano do Blog

Enquanto Francisco ficava perdido em Deus, Frei Leão saía e entreva com suas braçadas de lenha. Numa das vezes, deu com um bando de cotovias diante da gruta, cantando alegremente. O Irmão estremeceu de emoção. Saiu da gruta para ver se chegava outro bando. Não chegou. “A irmã cotovia, disse Francisco, é um exemplo para o irmão menor. É muito parecida conosco, por causa do capuzinho! Suas penas são cor-de-terra como os nossos hábitos. Procura humildemente a sua comida pelos caminhos. Voa bem alto, no azul, cantando alegremente. Em resumo, seu coração está sempre nas alturas. Nós deveríamos ser como as cotovias.”
Inácio Larrañaga
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Com alegria o blog "Irmão Sol, Irmã Lua" completa hoje 1 ano de existência. Agradece a todos, em especial os amigos, pelas visitas e comentários ternos e carinhosos que ajudaram dia-a-dia na construção do blog. Que o Poverello de Assis abençoe a todos, amparando-os nas dificuldades da vida e servindo de exemplo perfeito do Amor Cristão.
"O Senhor te abençoe, e te guarde.
O Senhor te mostre a sua face e se compadeça de ti.
O Senhor volva seu rosto para ti e te dê a paz.
O Senhor te Abençoe!"
(Nm 6: 24-26)
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(Fotos - desconheço autores)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pelo Dia de Santa Clara de Assis

Jesus Cristo é esplendor da glória eterna, reflexo da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus e imagem de sua bondade.
Santa Clara
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Nos gestos mansos de Clara,
uma nota de poesia...
Sua vida, uma canção:
serenidade... alegria!...
CLARIDADE para nossas almas!
(Eternessências...)
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Clara nasceu em Assis, no ano 1193, no seio de uma família da nobreza italiana, muito rica, onde possuía de tudo. Porém o que a menina mais queria era seguir os ensinamentos de Francisco de Assis. Aliás, foi Clara a primeira mulher da Igreja a entusiasmar-se com o ideal franciscano. Sua família, entretanto, era contrária à sua resolução de seguir a vida religiosa, mas nada a demoveu do seu propósito. No dia 18 de março de 1212, aos dezenove anos de idade, fugiu de casa e, humilde, apresentou-se na igreja de Santa Maria dos Anjos, onde era aguardada por Francisco e seus frades. Ele, então, cortou-lhe o cabelo, pediu que vestisse um modesto hábito de lã e pronunciasse os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência. Faleceu no dia 11 de agosto de 1253.
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domingo, 10 de agosto de 2008

Pelo Dia dos Pais

SER PAI
De todas as minhas modestas dimensões humanas, a que mais me realiza é a de ser pai.

Ser pai
É acima de tudo, não esperar recompensas. Mas ficar feliz caso e quando cheguem. É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.

Ser pai
É aprender errando, a hora de falar e de calar. É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois. Mas jamais falar no momento preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte. É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.

Ser pai
É aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez. É esperar. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo. Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai
É saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir. Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai
É aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar. É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida. Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão. Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai
É saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição. É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho. É saber brincar e zangar-se.
É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.

Ser pai
É saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai
É atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante.

Arthur da Távola
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O QUE O FILHO PENSA DO PAI
Aos 7 anos: Papai é grande. Sabe tudo!
Aos 14 anos: Parece que Papai se engana em certas coisas que diz...
Aos 20 anos: Papai está um pouco atrasado em suas teorias; não são desta época...
Aos 25 anos: O “Coroa” não sabe nada... Está caducando, decididamente.
Aos 35 anos: Com minha experiência, meu Pai seria, hoje, milionário...
Aos 45 anos: Não sei se consulto o “Velho”, talvez pudesse aconselhar...
Aos 55 anos: Que pena Papai ter morrido; a verdade é que ele tinha idéias notáveis!
Aos 60 anos: Pobre Papai! Era um sábio! Como lastimo tê-lo compreendido tão tarde.
Autor desconhecido.
*****
Em homenagem aos pais, em especial ao meu pai Antônio que não conheci (faleceu quando tinha oito meses de idade), mas que trago em meu coração por tudo que sei através de minha mãe, deixando em sua breve vida os exemplos de homem digno, honrado e honesto; de marido fiel, dedicado e apaixonado; e de pai amoroso, extremado e zeloso; que muito contribuíram na formação de seus filhos.
Esta singela homenagem-lembrança é dedicada também a outro coração paterno, que antes de ser pai se fez pai de muitos coraçõezinhos infantis abandonados e sofridos, e dedicou toda sua vida aos necessitados e famintos de pão e amor, abraçando como filhos crianças, jovens, adultos e velhinhos. Para Clóvis Tavares, pai espiritual de tantos como eu, a quem devo muito do homem que sou hoje (mesmo sem ter tido a oportunidade de uma simples conversa), toda gratidão e carinho do menor de seus filhos.
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(Imagens - desconheço autor)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ainda Sobre o Perdão

Cantiga do Perdão
Não te iludas, amigo,
Por mais se expandam lágrimas contigo,
Todo lamento é vão...

Tudo o que tende para a perfeição,
Todo o bem que aparece e persiste no mundo
Vive do entendimento harmônico e profundo,
Através do perdão...

Perdão que lembra o sol no firmamento,
Sem se fazer pagar pelo foco opulento,
A vencer, dia-a-dia,
A escuridão da noite insondável e fria
E a nutrir, no seu longo itinerário,
O verme e a flor, o charco e o pó, o ninho e a fonte,
De horizonte a horizonte,
Quando for necessário;

Perdão que nos destaque a lição recebida
Na humildade da rosa,
Bênção do céu, estrela cetinosa,
Que, ao invés de pousar sobre o diamante,
Desabrocha no espinho,
Como a dizer que a vida,
De caminho a caminho,

Não despreza ninguém,
E bela, generosa, alta e fecunda,
Quer que toda maldade se transfunda
Na grandeza do bem...

Perdão que se reporte
À brandura da terra pisoteada,
Esquecida heroína de paciência,
Que acolhe, em toda parte, os detritos da morte
E sustenta os recursos da existência,
Mãe e escrava sublime de amor mudo,
Que preside, em silêncio, ao progresso de tudo!...

Amigo, onde estiveres,
Assegura a certeza
De que o perdão é lei da Natureza,

Segurança de todos os misteres.
Perdoa e seguirás em liberdade
No mundo certo da felicidade.

Nas menores tarefas que realizes,
Para lembrar sem sombra os instantes felizes
Na seara de luz,
Na qual a luz de Deus se insinua e reflete,
É forçoso exercer o ensino de Jesus
Que nos manda perdoar
Setenta vezes sete
Cada ofensa que venha perturbar
O nosso coração;
Isso vale afirmar,
Na senda da ascensão,
Que, em favor da vitória,

A que aspiras na luta transitória,
É mais do que importante, é essencial
Que te esqueças, por fim, de todo mal!...
E que, em tudo, no bem a que te dês,
Seja aqui, mais além, seja agora ou depois,
Deus espera que ajudes e abençoes,
Compreendendo, amparando e servindo outra vez!...
Maria Dolores
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Perdoar é devolver ao outro o direto de ser feliz.
Jorge Luiz Brand
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(Imagem - desconheço autor)

sábado, 2 de agosto de 2008

Dia do Perdão

A Indulgência da Porciúncula

(Foto - Igreja Santa Maria dos Anjos, Porciúncula, em Assis)

No ano de 1216, numa silenciosa noite do mês de Julho, São Francisco, ajoelhado sobre a terra nua, estava profundamente mergulhado nas suas orações, na silenciosa solidão da pequena Igreja da Porciúncula. Quando de súbito, uma luz vivíssima e fulgurante encheu todo o recinto e no meio dela, apareceu a doce figura de Jesus ao lado da Virgem Maria sorridente, sentados num trono e circundados por diversos Anjos. Jesus perguntou-lhe: “Qual o melhor auxílio que desejarias receber, para conseguir a salvação eterna da Humanidade?”
Sem hesitar Francisco respondeu: “Senhor Jesus, conquanto eu seja miserável e pecador, rogo-te que a todos quantos, arrependidos e confessados, vierem visitar esta Igreja, lhes concedas amplo e generoso perdão, com completa remissão de todas as suas culpas."
- “O que tu pedes, ó Frei Francisco, é um benefício muito grande,” disse-lhe o Senhor, “mas de maiores coisas és digno, e maiores coisas terás. Acolho, pois a tua prece, mas com a condição de que, de minha parte, peças ao meu Vigário na terra essa indulgência”.
No dia seguinte, bem cedinho, Francisco acompanhado de Frei Masseu, seguiu para Perusa, a fim de se encontrar com o Papa Honório III.
Chegando disse-lhe: “Santo Padre, há algum tempo, com o auxílio de Deus, restaurei uma Igreja em honra a Santa Maria dos Anjos. Agora suplico a Vossa Santidade ponhais nesta Igreja uma indulgência, sem obrigação nenhuma de ofertas, no dia da dedicação dela.”
O Papa ficou surpreso e comoveu-se com o tal pedido. Depois perguntou: “Por quantos anos pedes esta indulgência?”
“Santo Padre”, respondeu Francisco, “não peço anos, mas almas.”
“Que queres dizer com isto?” retorquiu o Papa.
“Eu queria, se a vós assim apraz, que todos aqueles que forem à Porciúncula, contritos dos seus pecados, e depois de se confessarem e de receberem a absolvição, obtenham a remissão de todos os seus pecados, na pena e na culpa, no céu e na terra, desde o dia do seu batismo até o dia e a hora em que entrarem nessa Igreja de Maria.”
Respondeu o Papa: “Não sabes que não é costume da Cúria Romana conceder tal indulgência?"
“Senhor”, redargüiu o “Poverello”, “não sou eu que peço isto, mas vo-lo pede Aquele da parte de quem eu venho: Jesus Cristo.”
Ouvindo isto, o Papa cheio de amor respondeu, repetindo por três vezes: “Em nome de Deus, Francisco, concedo-te a indulgência que em nome de Cristo me pedes.”
Tendo alguns Cardeais, ali presentes, manifestado algum desacordo, o Papa reafirmou: “Já concedi a indulgência. Todo aquele que entrar na Igreja de Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, sinceramente arrependido das suas faltas e confessado, seja absolvido de toda pena e de toda culpa. Esta indulgência valerá somente durante um dia, em cada ano, “in perpetuo”, desde as primeiras vésperas, incluída a noite, até às vésperas do dia seguinte.”
Logo que o Pontífice terminou de falar, Francisco inclinou-se respeitosamente e fez menção de partir. Mas o Papa, chamando-o, lhe disse: “Ó simplório, aonde vais, sem um documento que ateste a nossa concessão?”
Respondeu o "Poverello": “Padre santo, a mim basta a vossa palavra. Se esta indulgência é obra de Deus, Ele cuidará de manifestar a sua obra; eu não preciso de nenhum instrumento: esse documento deve ser a Virgem Maria, Cristo o tabelião, e os Anjos as testemunhas.”
Após isto, Francisco partiu retornando para Santa Maria dos Anjos. Sentiu necessidade de repousar e, ao adormecer, lhe foi revelado por Deus que a indulgência a ele concedida na terra pelo Vigário tinha sido confirmada no Céu.
A “consagração” da Igrejinha aconteceu no dia 2 de Agosto do mesmo ano de 1216. Francisco assim falou, à imensa multidão de povo que o escutava, anunciando a Indulgência: “Quero mandar-vos todos para o Paraíso. Nosso Senhor o Papa Honório concedeu de voz esta indulgência. Pela qual tanto vós que estais aqui presentes, como aqueles que neste dia, nos anos subseqüentes, vierem a esta igreja, com o coração bem disposto, e estiverem verdadeiramente arrependidos, terão o perdão de todos os seus pecados.”
A Indulgência da Porciúncula somente era concedida a quem visitasse a Igreja de Santa Maria dos Anjos, entre a tarde do dia 1 de agosto e o pôr-do-sol do dia 2 de agosto.
(Texto - baseado nas palavras de Johannes Joergensen,
biógrafo de São Francisco)

(Poster divulgando a Indulgência da Porciúncula em Assis)

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