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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

FUGA

Escutai, nobres fidalgos:
a menina que criastes
é uma vaga sombra,
fora de vossa vontade,
livre de enganos
e traves.
É uma estrela que procura
outra vez a Eternidade!
Despida de suas jóias
e de seus faustosos trajes,
inclina a cabeça
com terna humildade.
Cortam-lhe as tranças:
ramo de luz nos altares.
Mais clara do que seu nome,
no fogo da Caridade
queima o que fora e tivera:
- ultrapassa a que criastes!

(Cecília Meireles em Pequeno Oratório de Santa Clara)

CLARA

Voz luminosa da noite,
feliz de quem te entendia!
(Num palácio mui guardado,
levantou-se uma menina:
já não pode ser quem era,
tão bem guarnida,
com seus vestidos bordados,
de veludo e musselina;
já não quer saber de noivos:
outra é sua vida.
Fecha as portas, desce a treva,
que com seu nome ilumina.
Que são lágrimas?
Pelo silêncio caminha...)
Um vasto campo deserto,
a larga estrada divina!
Ah! feliz itinerário!
Sobrenatural partida!

(Cecília Meireles em Pequeno Oratório de Santa Clara)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

ECO


Cantara ao longe Francisco,
jogral de Deus deslumbrado.
Que se mirara em seus olhos,
seguira atrás de seu passo!
(Um filho de mercadores
pode ser mais que um fidalgo,
se Deus o espera
com seu comovido abraço...)
Ah! que celeste destino,
ser pobre e andar a seu lado!
Só de perfeita alegria
levar repleto o regaço!
Beijar leprosos,
sem se sentir enojado!
Converter homens e bichos!
Falar com os anjos do espaço!...
(Ah! quem fora a sombra, ao menos,
desse jogral deslumbrado!).

(Cecília Meireles em Pequeno Oratório de Santa Clara)

CONVITE

Fechai os olhos, donzelas,
sobre a estranha serenata!
Não é por vós que suspira,
enamorada...
Fala com Dona Pobreza,
o homem que na noite passa.
Por ela se transfigura,
- que é sua Amada!
Por ela esquece o que tinha:
prestígio, família, casa...
Fechai os olhos donzelas!
(Mas, se sentis perturbada
pela grande voz da noite
a solidão da alma,
- abandonai o que tendes,
e segui também sem nada
essa flor de juventude
que canta e passa!).

(Cecília Meireles em Pequeno Oratório de Santa Clara)


SERENATA

Uma voz cantava ao longe
entre o luar e as pedras.
E nos palácios fechados,
- exaustas de tantas mortes,
de tantas guerras! –
estremeciam os sonhos
no coração das donzelas.
Ah! Que estranha serenata,
eco de invisíveis festas!
A quem se dirigiam
palavras de amor tão belas,
tão ditosas
(de que divinos poetas?)
como as que andavam lá fora,
pelas ruas e vielas,
- diáfanas, à lua,
- graves, nas pedras...?
(Cecília Meireles em Pequeno Oratório de Santa Clara)


(Escultura de São Francisco feita por Donatello)

"As pessoas simples sentem a presença de Deus tão naturalmente quanto o calor do sol e o perfume da flor." Aléxis Carrel

quinta-feira, 23 de agosto de 2007



"Não te admires do que vou dizer, irmão Leão, e escreve: Oh! a mulher... é o mistério mais excelso da terra. Elas sentem o cheiro da morte, irmão Leão. As mulheres nasceram para dar vida e, onde ronda a morte, corporal ou espiritual, desde os tempos mais remotos, elas tiram energias para defender-se como feras. Sem a mulher, a Vida se extinguiria."

"A mulher, irmão Leão, está sempre em contacto com a terra e a vida. E não te assustes com o que vou dizer: Deus, por ser fonte de vida, está mais perto da mulher, e ela mais perto de Deus. Sem o saber, elas são um pouco a verdadeira efígie de Deus. Lembro-me da grande senhora que foi dona Pica... E não te escandalizes com o que vou dizer, mas continua escrevendo: desde que conheci os mares profundos de minha mãe, dona Pica, sinto sempre a tentação de chamar Deus de Mãe."
São Francisco de Assis

(Em homenagem e lembrança de carinho e gratidão as mulheres de minha vida. Em especial a minha mãe, que a semelhança de dona Pica é uma grande mulher, e a eterna menina do coração, que com sua presença, gestos e palavras tem corrigido meus passos direta ou indiretamente, me fazendo olhar mais alto e além.)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

"Há em nós uma voz divina que só se manifesta quando as outras se calam; só no silêncio e na reflexão nos revela a sua mensagem."
Thomas Merton

terça-feira, 14 de agosto de 2007

"As pessoas consagradas que fizeram o voto de pobreza são mais ricas do que todos os ricos: não desejam nada e possuem tudo."
John Fulton Sheen

domingo, 12 de agosto de 2007

"Quando o sofrimento vier ao teu encontro,
deixa dos olhos rolar uma lágrima,
dos lábios, um sorriso
e do coração, uma prece a Deus.
Só assim serás feliz!"
Thomas Merton

*****
Canto as Criaturas
Altíssimo, onipotente,Bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória,
A honra e toda benção.
Só a Ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos ilumina.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De Ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nuvens,
Ou sereno, e todo o tempo,
Pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo,
Pelo qual iluminas a noite.
E ele é belo e alegre
E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra,
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por Teu amor,
E suportam enfermidades
E tribulações.
Bem-aventurados
Os que as sustentam em paz,
Que por Ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem.
São Francisco de Assis
*****
Fonte do Cântico:
Livro - "O Irmão de Assis"
Autor - Frei Inácio Larrañga
Editora - Pia Sociedade Filhas de São Paulo
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