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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bem-te vi… Bem-te-vi…


Bem-te vi… Bem-te-vi…
Que terás visto?
Há quanto tempo tu avisas, bem-te-vi…
Bem-te-vi da minha infância, sempre a gritar,
e não viste nada.
Meu aminguinho, preto-amarelo.
Em que ninho nasceste, de que ovinho viste,
e quem te ensinou a dizer: Bem-te-vi?…
Bem te vejo, queria eu também cantar e repetir
para ti: Bom dia, bem te vejo, te escuto.
Bem-te-vi sobrevivente
de tantos que já não voam sobre o rio,
nem pousam nas palmas dos coqueiros altos…
Mostra para mim, meu velho companheiro de uma infância ultrapassada, tua casa, tua roça, teu celeiro, teu trabalho, tua mesa de comer, tuas penas de trocar,
leva-me à tua morada de amor e procriar.
Vamos ao altar de Deus agradecer ao criador
não desaparecerem de todo os Bem-te-vis
dos Reinos de Goiás.
Canta para mim, tão antiga como tú,
as estorinhas do passado.
Bem-te-vi inzoneiro, malicioso e vigilante.
Conta logo o que viste, fuxiqueiro do espaço,
sempre nas folhas dos coqueiros altos,
que também vão morrendo devagar como morrem os coqueiros,
comidos de velhice e de lagartas.
Cora Coralina
*****
Tenho por hábito levantar cedo, comumente antes do sol nestes dias claros e quentes de verão. Por isso, costumo vê-lo aparecendo na linha do horizonte, espargindo as sombras da noite com seus raios e fazendo sumir a lua. Antes de ir para natação, busco fitar o céu na companhia dos bem-te-vis, escutando seus belos cantos anunciando um novo dia. E, assim, agradeço a Deus por mais um recomeço.
*****
(Foto - Flávio Brandão)

2 comentários:

Carol Timm disse...

Benja,

É um bom hábito esse seu que faz o coração despertar com alegria.

Aqui nem tão cedo acordo, nem é comum contemplar os bem--te-vis. Mas costumo ver passar no céu aves migratórias, ou outras, que andam em formação e que diz um amigo que se chamam biguás. Além dos passarinhos, os beija-flores mesmo mais arredios ou apressados nas cidades grandes costumam nos surpreender algumas vezes.

Olhar o céu é sempre uma forma de oração para mim.

Beijo, amigo, e boa semana!
Carol

Marilac disse...

Benja,
Hoje volto a reler aqui esse lindo poema!
Sorri com esses versos"Conta logo o que viste, fuxiqueiro do espaço.."

Bem-te vi, Bem te-vi, esse canto e me traz belas recordações,quando passava as férias na casa dos meus avós acordava ouvindo os bem te vis.
Aqui na cidade é mais raro ouvi-los,mesmo assim as vezes aparecem alguns nas mangueiras da casa vizinha.

Que poético seu inicio do dia!

Concordo com Carol, olhar o céu já é uma forma de oração.

bjs
com carinho,
Marilac

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