De uma aridez tristíssima de areia,
Nelas não vingam essas suaves poesias
Que a alma das cousas, ao passar, semeia...
Desesperadamente estéreis e sombras
Onde passas (triste aura que as rodeia!)
Deixam uma atmosfera amarga, cheia
De desencantos e melancolias...
Nessa árida rudeza de rochedo,
Mesmo fazendo o bem, sua mão é pesada,
Sua própria virtude mete medo...
Como são tristes essas vidas sem amor,
Essas sombras que nunca amaram nada,
Essas almas que nunca deram flor...
Raul de Leoni
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Raul de Leoni nasceu em Petrópolis-RJ em 30 de outubro de 1895. Em 1919 publica seu primeiro livro de poemas “Ode a um poeta morto”, dedicado à memória de Olavo Bilac. Faleceu em Petrópolis-RJ, em 21 de novembro de 1926. Sobre ele e sua obra escreveu Fernando Py (poeta, crítico literário e tradutor): “Existe em Raul de Leoni um curioso procedimento técnico-estilístico a aproximá-lo, e não por acaso, da poesia de Augusto dos Anjos... foi neoparnasiano de fortes acentos simbolistas, não fugiu a influência de sua própria geração. Raul de Leoni legou-nos uma obra pequena, mas significativa e singular, que certamente ainda há de ser muito lida e estudada enquanto houver interesse pela grande e genuína poesia do nosso tempo”.
3 comentários:
Assim lindo infante, que dorme tranqüilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.
*Gonçalves Dias*
E mais uma vez venho me encantar...
Bejos doces!
A frieza realmente é algo triste e desolador!...
Um poema forte... grave!...
Que não deixemos o coração gelar!...
Carinho,
Rose
Benjamim,
Esse poema infelizmente descreve com perfeição algumas almas que ainda sofrem ao optar por uma vida amarga...não acreditam no amor, procuram defeitos em tudo e todos.E com essa frieza criam uma atmosfera de melancolia.
Todos nós temos nossos problemas, mas alguns focam apenas no que existe de ruim e com isso amargam tudo ao redor...
Somos humanos, estamos aprendendo...
Que possamos estar alertas, pois como disse Rose :
"Que não deixemos o coração gelar!...
bjs
Marilac
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